domingo, 25 de março de 2012

Cumprimos... tá feito e venha a próxima!

terça-feira, 20 de março de 2012

Para os interessados aqui fica o link da página no Facebook criada para o evento "Rota das Tormentas":

https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=125102474220966&id=585872806&notif_t=like#!/events/383753868310527/declines/

domingo, 11 de março de 2012

O SEGREDO DA MONTANHA

Depois de ler extasiado o magnifico texto do meu companheiro de caminhadas Luís Correia,
descrito numa fluidez ortográfica que em tudo se compara aos grandes escritores
portugueses, cabe-me aqui fazer alusão a um momento que me pareceu marcante
nesta viagem envolvente de paisagens soberbas, deslumbrantes e retemperadoras.
Após percorrermos grande parte do percurso e chegados ao cimo da montanha, onde o Carlos já estaria à nossa espera (apanha o freio nos dentes e depois é isto) eu e o Luís abrandamos a marcha porque o Carlinhos, numa atitude de sensatez, gesticulava para que nos aproximássemos de mansinho. Pé ante pé um pouco sem
perceber o que se passava parámos e foi o Carlos que quebrou o silêncio em tom peremptório dizendo “ora calem-se…”. Assim à partida o que nos apeteceu foi dizer-lhe “vai lá calar o ….” mas anuímos e num consentimento enternecedor ficámos todos os três num silêncio colectivo de espanto e numa total envolvência de admiração e respeito.
Rendidos pelo silêncio abismal daquela montanha, cortado aqui e além pelo chilrear de alguma ave, ficámos os três parados no tempo numa quietude mágica de subserviência pela natureza. Foi neste momento que me lembrei daquela máxima chamada força da natureza e pensei “como foi possível que a montanha conseguisse parar três marmanjos que a bem dizer só pensam em comer, beber e outras coisas que não digo a bem do bom nome literário, e os calasse por breves instantes como que numa atitude enternecedora, saboreando aquele momento e desfrutando daquele silêncio e
daquela paz quase em jeito terapêutico para retemperar forças e prosseguir a viagem”.
Que força teve aquele lugar para nos incutir a ideia de que a palavra pode ser ouvida e pronunciada apenas num silêncio acolhedor e místico.
Até agora fiquei sem saber qual é o segredo que tem aquela montanha para numa força imediata nos esvaziar a mente, controlando as nossas emoções e para nos extasiar por alguns instantes tornando-nos frágeis, submissos… enfim comuns mortais.

sexta-feira, 9 de março de 2012

ROTA DAS TORMENTAS - AROUCA














05 de Março de 2012



Após um interregno ditado por compromissos pessoais, era prioritário retomar este tipo de iniciativas, pela garantia óbvia de aventura e excitação, mas também pelo saudável e gratificante ambiente de galharda e bem-humorada fraternidade, que o grupo consegue facilmente fazer emergir, de uma forma genuína e espontânea.
















Apesar da ameaça (pouco convincente, diga-se) de chuva, no fim-de-semana, na segunda-feira o dia amanheceu, de novo, soalheiro e frio, com algumas nuvens altas, que se foram esfarrapando com o avançar da manhã. À hora marcada fizemo-nos à estrada, com destino à Serra da Arada e o jeep carregado de mantimentos e apetrechos, com que cada um se tinha munido, para enfrentar os pouco mais de 16 km da “Rota das Tormentas”.
Depois da paragem, já obrigatória, na “Separadora”, para o cafezinho em grupo, zarpámos rumo ao S. Macário, via S. Félix. Esta dupla de santos haveria, aliás, de dar o mote, mais tarde, para um hilariante diálogo imaginado que, em jeito de desgarrada a três, cada um ia compondo e acrescentando e nos fez rir desabridamente, do súbito e inspirado ataque de idiotice pueril.
No Alto do S. Macário virámos à esquerda, em direcção ao sempre impressionante Portal do Inferno, de vistas arrebatadoras, para os vales profundos e escarpas verticais de xisto aguçado, no cume das quais a estrada estreita e sinuosa ondula num equilíbrio imponderável e vertiginoso, exactamente sobre o espinhaço da montanha.
Numa curva apertada, que nos levaria a Regoufe inflectimos, de novo, montanha acima, para, um pouco mais à frente, numa curva cega, à direita, iniciarmos a descida que nos conduziria a Silveiras, aldeia do concelho de Arouca onde se inicia este “PR5 Rota das Tormentas”.
Estacionámos num pequeno largo, à entrada da aldeia, já que as suas ruas apertadas não franqueavam a passagem ao Range Rover. O Sol continuava a brilhar intensamente mas estava frio. Equipámo-nos a preceito e ainda tivemos tempo para uma curta mas muito cordial e enternecedora conversa com a Sr.ª D.ª Ana que, vestida de negro e na sua simpática vetustez, nos comoveu com a demonstração espontânea de uma generosa hospitalidade.
Entrámos decididamente na aldeia, percorrendo os arruamentos estreitos e empedrados impregnados com uma mistura adocicada e intensa de aromas silvestres, fumo de lenha e bosta dos animais. Em pouco tempo chegávamos ao pequeno adro da Igreja, onde pontua um humilde coreto e as placas que assinalam o início do percurso.
Na literatura recolhida tínhamos a informação prévia e em jeito de aviso cauteloso, de que, um incêndio que assolou a região, em Agosto de 2005, para além de ter calcinado o cenário e desnudado a paisagem, teria destruído também as marcações, pelo que se desaconselhava, temporariamente, tentar fazer este PR. Prometia-se ainda, no folheto informativo que, após a regeneração da vegetação, seria efectuada a sua remarcação e devida divulgação. Aguardaremos, pois, atentamente.
Com este aviso de pressuposto, mas voluntariosos e decididos, iniciámos excitados de entusiasmo, a descida moderada da vereda que, saindo da aldeia, nos conduziria à ribeira, com o mesmo nome.
O Carlos, como já é hábito quando sai da “Noite” (e como era mais uma vez o caso), fica
possuído de uma proverbial exuberância frenética e toma de imediato a dianteira, numa toada enérgica, deixando-nos para trás a apreciar a paisagem e a fotografar, mais calmamente. Alega ele, que é para não adormecer…
Chegados à ribeira, ou ao leito por onde ela habitualmente corre em Invernos mais chuvosos, iniciámos uma exigente subida, primeiro ainda por calçada e pouco depois por trilho, verdejante, de montanha, em ascendente moderado a forte, até ao ponto mais alto deste percurso, a Portela Malhada, alcandorado nos seus 646 metros de altitude.
Aqui, o esforço da subida e as vistas panorâmicas que se alcançam impõem uma paragem demorada. O ar é de uma limpidez e pureza surpreendentes e o silêncio é absoluto, apenas entrecortado pelo piar de alguma ave, que esporadicamente risca os céus num voo furtivo ou vigilante. Lá à frente e minúsculo já na paisagem, o Carlos vai-se impacientando, numa pressa voraz, por entre o colorido da vegetação e o brilho terroso e ocre do xisto.
Recuperado o fôlego e as forças deixámos a Portela Malhada para trás e prosseguimos, no trilho de montanha, que evolui sem desníveis muito acentuados, ao longo da curva de nível, até começar a descer para a Cortegaça, no meio de uma paisagem deslumbrante, com encostas íngremes e coloridas pela urze e carqueja floridas, que revestem os vales profundos, até ao rio Paiva. No horizonte e para Norte a imponente Serra de Montemuro ergue-se majestosa, em tonalidades cambiantes de azul.
Chegados à Cortegaça deparámo-nos com uma pequena e singela aldeia, limpa, silenciosa e deserta, que o Sol quente da manhã aconchegava em cada recanto da pedra xistosa, das casas recuperadas e jardinzinhos cuidados e floridos.

Atravessámos a aldeia demoradamente, perscrutando cada viela e pormenor e subimos até à cumeada próxima, ao encontro de um estradão que nos encaminha
por cerca de 200 metros até ao inicio da descida para Meitriz. Este é, sem dúvida, o troço menos interessante do percurso, embora a paisagem continue deslumbrante, mas a lisura descolorida e monótona do estradão é um contraste violento e decepcionante com a beleza brava e silvestre dos trilhos sinuosos e exigentes que deixámos para trás.
Mas eis que a descida até Meitriz encontra de novo um ziguezagueante trilho estreito, alcantilado e descendente forte, pela encosta abaixo. Já dentro da aldeia evoluímos pelas suas vielas acanhadas e íngremes, entre casas decrépitas e abandonadas e outras bem recuperadas e iridescentes, nos brilhos do xisto escovado e realinhado, que nos inspiram devaneios de retiros eremitas e confortos antigos.
Ao fundo da aldeia aguarda-nos o Paiva espreguiçando-se demoradamente sobre os seixos rolados das margens arenosas, daquela pequena mas agradável praia fluvial, antes de se precipitar, de novo, na sua correria desvairada, alegre e bravia, através dos inúmeros requebros e rápidos, do seu leito caprichoso, que o conduz, serpenteante, desde a Serra do Leomil até ao Douro, em Castelo de Paiva.

Aqui fizemos um compasso de espera mais demorado, para explorar o local e fotografar. Recuperadas as forças e saciada a curiosidade, retomámos o caminho, em esforçada subida de ascendente moderado até a uma portela do antigo caminho de Silveiras para, daqui, iniciar a descida suave que nos levaria a Janarde, pequena aldeia que encerra esta rota.
A “Rota das Tormentas” é um PR denominado de travessia ou linear o que, não havendo transporte de recolha no final, obriga a fazer-se o regresso, no sentido inverso e se, nos seus 8 km iniciais, o um nível de dificuldade é de “moderado/difícil”, no regresso e por força da orografia do terreno, espera-nos uma classificação de “muito difícil ou tormentoso”!


O esforço do regresso foi largamente recompensado pelas cambiantes de luz e cor, que transfiguram a paisagem e acompanham o périplo solar.
Quando finalmente alcançámos Silveiras, ao meio da tarde, estávamos exaustos, sujos e suados, mas impregnados com a beleza silvestre e rude destas paragens e gratos pelo afecto e hospitalidade das gentes rústicas e genuínas de Silveiras, a quem aproveitamos para saudar, de novo.
Depois de desaparelhados, regressámos no remanso do embalo indolente do Range Rover, de regresso ao S. Macário, onde assentámos arraias e nos deleitámos com as iguarias gastronómicas reunidas no dia anterior.


O folheto descritivo deste percurso pedestre de pequena rota informa serem necessárias seis horas para o cumprir. Embora o tenhamos feito em cerca de quatro, somos unânimes em concordar que as seis horas anunciadas serão mais adequadas para a fruição do manancial de beleza que este PR oferece aos que se aventurem a desfrutá-lo.
Fica aqui o convite… mas preparem-se!


segunda-feira, 5 de março de 2012




E lá fomos "percorrer" a Rota da Tormentas, de Silveiras a Meitriz. O descanso do "guerreiro" vai ser aqui. Tomem fôlego... que bem precisam. Sem mais... inté!

domingo, 4 de março de 2012





O "PR 5 - Rota das Tormentas" (http://www.cm-arouca.pt/portal/index.php?Itemid=157&id=78&option=com_content&task=view) aguarda-nos, amanhã, para uma missão expedicionária, da qual esperamos dar conta em próximas crónicas.


O PR "Rota das Tormentas", inicia-se junto à capela de Silveiras. O nível de dificuldade é de moderado/difícil, contornando sempre o Alto das Tormentas.