terça-feira, 12 de junho de 2012

PR1 – Percurso Pedestre das Quedas de Água de Paredes

Dia 01 de Junho de 2012. 08:00H. Para a terceira saída exploratória deste ano, decidimos abraçar a proposta do J. Silva, elemento recentemente admitido, mas que tem demonstrado grande disponibilidade e empenho, qualidades, aliás que, a par de tantas outras que unanimemente lhe reconhecemos determinaram a sua admissão e tornaram o entrosamento no grupo, um processo natural e agradável para ambas as partes.

A sugestão era o “PR1 – Percurso Pedestre das Quedas de Água de Paredes”, perto de Mortágua.
Depois da logística, devidamente organizada, reunimo-nos no local habitual e partimos, voluntariosos e folgazões como sempre, para a exploração de mais um Percurso de Pequena Rota.
Com as coordenadas devidamente inseridas no GPS chegaríamos, cerca de uma hora depois, a uma pequena ponte sobre a Ribeira das Paredes, na estrada que liga a aldeia do Carvalhal a Laceiras. Depois de aparelhados a preceito, seguimos a indicação da placa, que marca o início deste “PR” e que nos haveria de conduzir, através de um caminho largo, de terra batida e erva rasteira, a uma vereda estreita, que se embrenha – insinuante - por entre velhos carvalhos e sobreiros, ao longo das margens da Ribeira das Paredes (ou dos Moinhos, como também é conhecida). As copas do arvoredo, viçosas e densas, coam os raios de Sol em obliquidades etéreas, que vão matizando o cenário num pálido fulgor de luz e sombras, suspendendo o tempo num amplexo lento e esquecido. A partir daqui e sob a semiobscuridade luxuriante do bosque sereno, que convida à fruição mansa e leda da Natureza quase intacta na sua veemência bucólica, o percurso acompanha, para montante, o leito do ribeiro, em curvas e pequenas cascatas caprichosas, entoando a graciosa e repousante melodia da água corrente salpicada, aqui e ali, pelo harmonioso e variado trinado das aves. Lá mais à frente deparamo-nos com as ruínas de antigos moinhos abandonados e decrépitos, na sua vetustez adormecida, evocando outros tempos e lides e onde a autarquia disponibilizou algumas mesas e bancos de madeira, para a merenda e repouso apetecidos.

Chegados a Paredes, as Quedas de Água como mesmo nome já estão próximas. Atravessando a pequena aldeia entramos num carreiro agrícola, que nos conduzirá de novo à floresta opulenta, onde o ribeiro insiste em celebrar a sua melodia alegre sobre os seixos e pedregulhos, ou a quase deixar-se adormecer preguiçosamente, nas pequenas zonas de baixio. A flora exuberante continua a deslumbrar-nos, no seu copioso colorido e sinfonia de perfumes e a pequena fauna fluvial a acicatar-nos a curiosidade da descoberta. Finalmente e por entre eucaliptos altivos e cerrados, alcançamos a queda de água majestosa, que culmina este percurso.

A ribeira que nesta altura do ano, ainda em grosso caudal, despenha-se de uma fresta aguçada de rochas e cai, com leve fragor, num pequeno lago que aprisiona a água de um inacreditável azul cristalino, onde apetece mergulhar profundamente, não fosse a temperatura gélida e cortante.
Aventurando-nos por um estreito e arriscado carreiro em terra batida e húmida, que ladeia a parede da cascata podemos subir ainda mais e descobrir uma outra queda de água, tão majestosa como a anterior, a jusante, quiçá mais deslumbrante porque também mais inacessível e escondida, que nos desafia a continuar, na busca de outros prodígios que a Natureza ainda esconderá.
Tratando-se de um percurso linear, o regresso é feito percorrendo o trilho em sentido inverso e onde a luz vespertina vai emprestando cambiantes de cores e perspetivas curiosas, à medida que o Sol segue a sua inexorável viagem pelo firmamento.


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